terça-feira, fevereiro 02, 2016

The playboy in disguise

(não enche, que eu curto essa música e era a melodia mais veranil/raivozinha que eu encontrei pra me embalar)

Os dias estão quentes. Hoje especialmente tá quente pra caralho e faz lembrar o verão de Porto Alegre, e como eu sempre visitava a família no final do ano, pra ouvir as reclamações dele de longe. Mas não aqui. Aqui tá quente pra caralho, e há mais de mês eu tive que suportar a natureza dos fatos revezando o único ventilador da casa com a Dani e a Thais. Hoje, com menos desgosto, resolvi abrir o casco e comprar um daqueles ventiladorzinho britânia três velocidades (palmas pra mim), e isso só foi depois que eu e meu amigo tivemos que passar uma noite no quinto circulo do inferno e acabamos mais ou menos tapados de sangue de nariz – porque ele é tão frágil quanto parece (mas cá entre nós, é parte do seu charme infalível). Negócio foi que precisei de um empurrãozinho sanguinolento e uma hora no tanque lavando lençol na mão pra fazer o esforço. A propósito, a maquina de lavar está quebrada. Sim. Eu lavo roupa no braço há um mês, e isso me faz sentir um ser humano mais completo... Porque é nessas pequenas desgraças que vamos polindo tudo aquilo que torna a classe média tão cochinhola de apartamento. E a vida ultimamente não tem me dado muitas oportunidades de ser fresca. Bom pra mim. Bom pra você. O que importa agora é que estou finalmente com minha maquininha possante Intel Duel Core, e meus dedos sentiam falta de afundar bem fundo nesse teclado genérico e falar pro mundo sobre tudo que faz minha pomba girar.
Pra quem não se lembra, meu nome é Pâmela, mas pra você é Martini – tá ok? Há cinco meses atrás eu resolvi vender minhas coisas e, com quinhentos pilas no bolso, sai de casa pra viver a cidade prometida. E, depois de migrar de sofá em sofá, de varrer pisos e lavar cuecas alheias, passar dias só tomando água - porque aquele cachê só ia entrar na conta semana que vem; chorar na rua do coração que eu pensei nunca mais se partiria e dar a volta por cima com a ajuda dos broders mais broders que alguém poderia conhecer, eu encontrei um lugar pra morar. E eu tô feliz. Porra, eu to tão feliz que chega a dar nojo.
Certo que tem as contas e as burocracias, o técnico da net e o eletricista que tu mesmo tem que chamar, os móveis que tu vai ter que montar sem ajuda do pai, e que o peso da realidade obriga qualquer um a negligenciar um pouco a própria natureza, mas isso é só o começo da vida adulta pós moderna. E eu sou malandra. Pra caralho.

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